11 de mar. de 2011

Que seja doce



Ando feliz com a vida. Eu que sempre fui dramática, com um rouge a mais como prefiro dizer, estou exercitando um mantra que aprendi em “Os dragões não conhecem o paraíso”, de Caio Fernando Abreu: que seja doce, que seja doce, que seja doce. Lembro-me que aos 13 ficava ansiosa ao pensar nos meus 30. Tinha a idéia fixa de que seria o fim. Nada existia depois disso. Não imaginava a morte. Era simples assim: nada. Hoje estou no alto dos meus 28 anos, com muita história pra contar (meu irmão diz que ter história é sinal de estar ficando velho...). E acabei de sair de minha adolescência. Há uns dois anos atrás falei com minha analista: “pronto, passou, agora não me sinto mais adolescente”. Não sei bem o que isso quer dizer, mas uma palavra boa é serenidade, e outra, confiança. Confiança de que as coisas se resolvem e não vão acabar assim, do nada. Sinto que vou passar dos 30. E se não, não vou me angustiar antes por aquilo que ninguém sabe (um paciente me perguntou o que acontece quando a gente morre. Respondi que não sabia sobre a morte. Só sabia que a vida, a gente vivia). Apesar de fazer planos e sonhar, estou aprendendo a viver mais o presente. E saber que tudo passa, que o tempo ameniza as dores, e muitas vezes torna nossos monstros, formiguinhas (ou ao menos, os prende num lugar onde não nos assustam tanto). Assim, o tempo, além de marcas que vou tentando assimilar em meu corpo, vem me trazendo delicados presentes cotidianos. E vou me habitando cada dia mais. Às vezes transbordada de mim, outras, achando cantinhos mais macios. Tenho esperanças amarelas e um amor. Tenho acreditado nele e na possibilidade de mantê-lo vivo. Tenho andado feliz com a vida.Que seja doce, que seja doce, que seja doce.