13 de set. de 2010

My Blueberry Nights



O filme “My Blueberry Nights” (traduzido aqui como “Um Beijo Roubado”) é um dos meus prediletos, daqueles que a gente sente sempre como se estivesse vendo pela primeira vez. Aliás, pra mim, arte é o que suscita novas intensidades em todos os encontros, como se todas as vezes fosse a primeira. O que torna esse filme tão referente e pessoal, parte de minha bricolagem existencial, uma obra de arte. Um delírio estético sem pretensões do diretor Wong kar-wai – chamado de cineasta oriental de alma americana após dirigir essa película. Na estréia de Norah Jones como atriz, a fragilidade da cantora é aproveitada de maneira primorosa em sua personagem, Elizabeth. Como Norah, vinda das artes musicais, adentrando o território, até onde sabemos, estranho do cinema, Elizabeth está completamente desterritorializada após ropimento com o namorado. Jude Law é o dolorido-encantador Jeremy, dono de um charmoso café em New York, acostumado a ouvir os desencontros amorosos de seus clientes. Ambos de coração partido, eles se conhecessem nesse café. Jeremy fica lá sempre à espera, e Elizabeth sai em uma viagem sem destino pelos EUA. Nessa jornada existencial, ela acaba encontrando uma série de personagens com suas fragilidades e diferentes formas de amar. São nesses encontros que Elizabeth vai se recompondo. E é na espera das cartas dela que Jeremy também vai se refazendo. A bárbara Natalie Portman e a arrebatadora Rachel Weisz são algumas das figuras muito humanas do filme. A trilha sonora é divina, com “Try a Little Tenderness”, na melhor interpretação de Otis Redding, músicas de Cat Power (aliás, a cantora da banda, Shan Marshall, faz uma ponta!), e é claro, Norah Jones. “My Blueberry Nights” é um singelo poema, uma pequena epifania. Imperdível.

7 de set. de 2010

Quando setembro chegar

Enfim, agosto se foi. Alguns agostos por dentro, mas sobrevive-se. Ou melhor, vive-se. Um pouco de melancolia ainda, tipo ressaca de intensidades. Ressonâncias. Mas vamos lá, descobrindo coisas pequenas e doces, amores diários, cores no fim de tarde, esperanças amarelas.