25 de jun. de 2013


À lupa procuro
algo que você excreta.
Um cheiro,
o suor das têmporas.
Mãos nos cabelos,
um olhar de esgueio.
Farejo sinais.
Mas de você
só alcanço o rastro.
Como te perco assim?

4 de jun. de 2013


ela foi
ela foi
ela foi
porque ela foi
eu senti a presença
só senti a presença
quando ela se foi
a saudade é sentir
a presença
a saudade é presente
é presente
é presente
e quando acaba
o presente
e quando acaba o presente?
e quando começa
o passado
e quando começa o passado?




Quando nada me fecunda, minha alma menstrua.

3 de jun. de 2013


Verifico que não passei por tudo impunemente, e olho
meu amor atônita, os braços imóveis cheios de
sangue. Deliro de lucidez, quero escrever
longas cartas delirantes, reatá-las com
os punhos rasgados, marcá-las a todos com
os polegares maciços e tesos.

Também desta retórica sinto raiva, mas é raiva
tristemente mansa, retardada dentro do trabalho.
Raiva presa no velho jogo e que me alimenta de
estilo. (escondendo a razão da ferida).

Quero esta retórica depois de mim,
me levando irrevogavelmente.
O que é exatamente que insiste em vir atrás?

Viver é esquisitíssimo.

EQUÍVOCOS