13 de mar. de 2012

Café



Hoje você me deixou um bilhete: "Amor meu,". Assim mesmo, o amor, antes do meu. Não "meu amor", como todos outros. Tão nosso, tão meu, tão seu. Mas antes de qualquer pronome possessivo, amor. Simplesmente amor. Eu vinha sentindo saudades de ser acordada com uma música escolhida pelas suas mãos tão brancas e seus dedos rosados. "Será que o amor se esvai a cada dia do calendário?", eu me pergunto boba, na usual insegurança que lateja nos dias de chuva. Mas eu entrei essa manhã protegendo meus olhos inchados contra o sol das nove horas. Dentro da minha caneca branca de bolinhas cinzas, um pedaço singelo de papel. Instruções sobre o café, sobre o almoço. E apesar de toda a contra indicação de iogurte (suas coisas de acupunturista, porque tenho "uma deficiência de baço"), colocou aquele de cenoura e mel, que amo... Você prometeu, baby, quando nos casamos, na frente de todos os nossos amigos, que todas as manhãs ia cuidar de mim. E mesmo sem trilha sonora, nosso amor tem cheirinho de café, tem bolacha esquisita, geléia, pão alemão, nutella, danoninho, pasta de amendoim ou qualquer outra doideira que você inventa, porque eu sou enjoada pra caramba no desjejum. E nas manhãs preguiçosas, vamos renovando nosso amor. Com seu bilhete cuidadoso nas mãos, de repente e quase desesperadamente, eu anseei por mais um dia no calendário, mais muitos, mais dezenas deles! E o medo do silêncio e do tédio foi arrebatado, mais uma vez, pela ânsia de não ter tempo bastante para experimentar e transbordar em você toda ternura que sinto, a cada xícara de café.
*Baby, jura de pés juntos que me mima assim a vida inteira?

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