Vai se aproximando agosto. Já
sinto o leve afago da melancolia no occipital. Agarro-me aos fevereiros, que eu
sei, sempre vêm ao meu encontro. Farejo procurando as frestas solares. Celebro
as pequenas-raras flores de inverno. Olho até lacrimejar o céu desnudo,
fantasiando nuvens de fevereiro. Os fevereiros me são tão dadivosos! Prenunciam marços, cheios de águas, que às
vezes marejam a alma, e sempre levam aquilo que já não. Mas os agostos insistem
em chegar. Reza brava, defumação de fora pra dentro e de dentro pra fora, guia
no pescoço (a eterna esperança de enganar o tempo). Não. Não há mandinga que me
traga fevereiro. Ou dois setembros. Ou ao menos dois julhos. Insisto em minhas
preces por redenção. E fadadas ao fracasso elas vão, curiosamente, tornando-se
súplicas pelo inexorável. Minhas inclinações suicidas vão ficando mais e mais
macias. Deito a cabeça na frígida mão da angústia. Fecho os olhos e mergulho.
Enfim, os irresistíveis agostos. Que eu odeio (que eu amo).
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