16 de jul. de 2012



Vai se aproximando agosto. Já sinto o leve afago da melancolia no occipital. Agarro-me aos fevereiros, que eu sei, sempre vêm ao meu encontro. Farejo procurando as frestas solares. Celebro as pequenas-raras flores de inverno. Olho até lacrimejar o céu desnudo, fantasiando nuvens de fevereiro. Os fevereiros me são tão dadivosos!  Prenunciam marços, cheios de águas, que às vezes marejam a alma, e sempre levam aquilo que já não. Mas os agostos insistem em chegar. Reza brava, defumação de fora pra dentro e de dentro pra fora, guia no pescoço (a eterna esperança de enganar o tempo). Não. Não há mandinga que me traga fevereiro. Ou dois setembros. Ou ao menos dois julhos. Insisto em minhas preces por redenção. E fadadas ao fracasso elas vão, curiosamente, tornando-se súplicas pelo inexorável. Minhas inclinações suicidas vão ficando mais e mais macias. Deito a cabeça na frígida mão da angústia. Fecho os olhos e mergulho. Enfim, os irresistíveis agostos. Que eu odeio (que eu amo).

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