11 de jul. de 2011

Carta de Caio Fernando Abreu à Adriana Calcanhoto

Voltei a devorar o livro Cartas de Caio Fernando Abreu. A cada leitura me admiro, rio muito, choro, me identifico e tenho surpresas como essa.

"Adriana C.

Minha sempre deusa, continuo anadando pelo mundo, chorando ao telefone, prestando muita atenção, divertindo gente, a fome dos meninos da Yoguslávia nas ruas ricas da West-Berlim dói tanto ou mais quanto os nigrinhos do Rio, há dez meses acordo e não tenho ninguém do lado - os meus amigos, cadê? - vou/irei à Tchecoslováquia, talvez Hungria, Jakarta, mas perdi alguma coisa no Brasil, "à tarde maria dorme", tenho medo, matam turcos e a estrada é enorme, mas tua voz e tua música me aconchegam entre Paris/Amsterdam/Berlim/Praga/London/ tudo é muito igual e belo os alemãezinhos ao sol do verão fugaz deles. Te mando retalhos e amor.

Caio F." Berlim 01.07.93 (cartão)

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